Lutero: Pai, só, da Reforma Protestante???

“Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”                                                      (Jesus Cristo)

Martin Luther (1483-1546), foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico que se tornou uma das figuras centrais da Reforma Protestante.
Eu observo alguns comentários a respeito da reforma protestante, e vejo neles uma ênfase exacerbada a pessoa de Lutero, dando uma conotação de que nós, cristãos evangélicos, devemos a ele nossa existência como igreja de Cristo. Não tirem suas conclusões a meu respeito antes de ler, na íntegra, o texto. … 

Os fatos que muitos desconhecem é que aquilo que Lutero combateu, foi o mesmo que Jesus, os discípulos e os apóstolos combateram, com uma diferença de intensidade no erro doutrinário cometido pela igreja. A corrupção moral e espiritual dentro do templo vem de longa data (Mt 21:12), e foi se tornando cada vez mais descarada a ponto de cargos sacerdotais estarem sendo alcançados através compras negociadas com o imperador ou rei. A igreja assumiu um papel que não era dela, governar o mundo. Na Europa do século XVI, travou-se muitas guerras entre a igreja e os imperadores, para garantir a manipulação do povo. As Escrituras Sagradas eram de uso exclusivo dos sacerdotes, ao povo, independentemente da classe social, era vetado o uso ou leitura delas. A igreja estava afundada num poço de imoralidade, corrupção, violência, heresias, idolatrias e mentiras.

A igreja de Cristo nunca correu o risco de ser exterminada da face da terra, o diabo sempre tentou isso, mas não conseguiu e nunca conseguirá, sempre haverá o remanescente. Lutero foi um destes remanescentes, mas não foi o único, cento cinquenta anos antes dele, João Huss já se opunha aos dogmas estabelecidos pela igreja, pregando ao povo a doutrina dos apóstolos.
Não estou menosprezando nem desprezando o trabalho de Lutero, só não aceito a exaltação do seu nome e nem a sua condição como servo autêntico do Senhor Jesus.
Deus usa quem Ele quer, da maneira como quer e quando quer, não tornando aquilo ou aquele, que Ele usou, servo Seu ou propriedade santificada (cajado de Moisés, mula de Balaão, queixada de burro, Ciro, Artaxerxes, Nabucodonosor, etc).
Enquanto as revoltas aconteciam do lado de fora da igreja, os principais líderes religiosos (Papas e Bispos) não se incomodavam, pois sabiam que tais revoltas não ameaçavam seus cargos e autoridade, e que nasciam e desapareciam sem deixar graves consequências, entretanto, quando ocorreu dentro da igreja, partindo de um monge, tomaram uma atitude enérgica. Lutero defendeu enfaticamente suas teses teológicas, não abriu mão dos conhecimentos que alcançou das Escrituras, foi usado poderosamente, por Deus, diante dos líderes religiosos para defender a genuína fé cristã. Mais tarde, traduziu a Bíblia do latim para o alemão, para que os leigos tivessem acesso a Palavra de Deus.

Lutero trabalhou efusivamente na conversão dos judeus. Pregou e ensinou exaustivamente e como não obteve resultados satisfatórios, por volta do ano 1537, ele escreveu o seguinte, a respeito dos judeus:

– “… suas sinagogas deveriam ser queimadas… suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas… seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados… os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte… os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus… eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos]… os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto… Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade … Portanto, fora com eles… Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus.”

Portanto, Lutero desprezou a essência da Reforma da qual tanto desejava ser instrumento. Honrosamente ele libertou a igreja do poder de Roma e fê-la retornar às suas origens bíblicas, no entanto, após isso, Lutero, com palavras insanas transferiu o poder religioso para Genebra, que está voltando às suas origens, em nome de um falso espírito ecumênico que devorará os frutos da Reforma numa igreja mundial unida, cuja capital será Roma. Lutero ignorou tudo quanto aprendeu e ensinou sobre a Bíblia.
Lutero deveria ter dado mais atenção às palavras de Paulo, que ele conhecia tão bem: “Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! […]. Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo…” (Rm 11.1,25-26).

Não vou me estender falando sobre a influência que as palavras de Lutero causaram no holocausto judeu, na Alemanha. Não vou falar dos “fãs” nazistas que ele teve (ou tem) e nem quero falar do seu sentimento antissemita que influenciou muitas nações.

A Reforma foi válida, sem sombra de dúvidas.

Deus vos abençoe.
Erivelton Figueiredo