A Imputação do Pecado e a Justiça atribuída a Cristo e ao Crente
O Significado de “Imputação”. Imputar algo a uma pessoa significa pôr esse algo em sua conta (creditar) ou contá-la entre as coisas que lhe pertencem: ser-lhe creditado, e o que lhe é imputado passa a ser legalmente seu; é-lhe contado como sua possessão. Imputar significa contar, creditar, atribuir.
Quando se faz referência ao significado de imputar, não importa quem é o que imputa, se é um homem “Comecei, porventura, hoje a consultar por ele a Deus? Longe de mim tal! Não impute o rei coisa nenhuma a seu servo, nem a toda a casa de meu pai, pois o teu servo não soube nada de tudo isso, nem muito nem pouco” (1 Sm 22.15) ou Deus mesmo, como vemos em “Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano” (Sl 32.2); não importa o que é imputado, se uma boa ação para recompensa “Então se levantou Finéias, e fez juízo, e cessou aquela peste” (Sl 106.30) ou uma ação má para castigo “E não os trouxer à porta da tenda da congregação, para oferecer oferta ao SENHOR diante do tabernáculo do SENHOR, a esse homem será imputado o sangue; derramou sangue; por isso será extirpado do seu povo” (Lv 17.4); e, finalmente, não importa se o imputado é algo que nos pertencia pessoalmente antes da imputação, como no caso citado anteriormente do Salmo 106.30, donde se imputa a Finéias sua própria boa ação, ou algo que não nos tem pertencido previamente, como é o caso em que Paulo pede a Filemom que uma dívida que não é sua pessoalmente, lhe seja colocada em sua conta “E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta” (Fm v.18) . Em todos estes casos a ação de imputar é simplesmente colocar algo em alguém… De forma que, quando Deus, no caso aqui, diz “imputar pecado” a alguém, o significado é que Deus considera o tal como pecador e em consequência, culpável e merecedor de castigo.
Semelhantemente, a não imputação de pecado significa simplesmente não atribuir essa carga como base do castigo (Sl 32.2). Da mesma forma, quando Deus diz “imputar justiça” a uma pessoa, o significado é que Deus considera judicialmente tal pessoa como justa e merecedora de todas as recompensas a que tem direito toda pessoa justa “Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado. Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente, ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão. E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada” (Rm 4.6-1 1).
A Base da Justificação.
A dupla imputação de pecado e justiça (referidos a Cristo e ao crente) forma a base da justificação.
- Os pecados dos crentes foram imputados a Cristo – por isto Ele sofreu e morreu na cruz “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (1 Pe 2.24; 2 Co 5.21). Cristo foi feito legalmente responsável pelos pecados do crente, e sofreu o justo castigo que a este correspondia. Ao morrer no lugar do crente, Cristo satisfez as demandas da justiça e o libertou para sempre de toda possibilidade de condenação ou castigo. Quando os pecados do crente foram imputados a Cristo, o ato de imputação não fez a Cristo pecador ou contaminou Sua natureza – tampouco, de modo algum afetou Seu caráter; este ato só tornou Cristo o responsável legal de tais pecados. A imputação não troca a natureza de nada; somente afeta a posição legal da pessoa.
- Jesus Cristo viveu uma vida perfeita – guardou completamente a lei de Deus. A justiça pessoal que Cristo obteve durante Sua vida na terra é imputada ao pecador no momento em que este crê. A justiça de Cristo é outorgada ao crente; e Deus o vê como se ele mesmo houvesse feito todo o bem que Cristo fez. A obediência de Cristo, Seus méritos, Sua justiça pessoal é imputada (atribuída) ao crente. Isto de modo algum, troca a natureza do crente (como também a imputação de pecados a Cristo não muda a Sua natureza); somente muda a posição legal do crente diante de Deus.
O Meio da Justificação.
O meio pelo qual o pecador recebe os benefícios da obra salvadora de Cristo (Sua vida sem pecado e Seu sacrifício), é a fé nEle. Ninguém pode ser justificado senão pela fé; no entanto, ninguém é justificado sobre a sua fé. A fé, em si mesma, não salva o pecador; porém o leva a Cristo, o qual é quem, de fato, salva; portanto, a fé, conquanto seja um meio necessário para a justificação, não é em si mesma a causa ou a base da justificação. Paulo disse que os crentes são justificados dia pisteos “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Rm 3.25), pistei “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm 3.28) e ek pisteos “Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão” (Rm 3.30). O dativo e a preposição dia, representam a fé como meio instrumental pelos quais Cristo e Sua justiça são imputados; a preposição ek mostra que a fé ocasiona, e logicamente precede, nossa justificação pessoal. Paulo nunca disse, e sem dúvida negaria, que os crentes são justificados dia pistin, ou seja, por causa de sua fé. Se a fé fosse a base da justificação, a fé seria, com efeito, uma obra meritória; e a mensagem do evangelho seria, depois de tudo, meramente uma nova versão da justificação por obras, doutrina considerada por Paulo como irreconciliável com a graça, e destrutiva espiritualmente (Compare Rm 4:4 ; 11.6; Gl 4.21-5.12). Paulo considera a fé, não como a causa da justificação, mas como a mão vazia, estendida, que recebe a justiça ao receber a Cristo.
A Distinção entre Justiça “Imputada” e Justiça “Pessoal”.
Devemos ter o cuidado de não confundir a justiça imputada (a qual recebemos pela fé e que é a única base de justificação) com os atos pessoais de justiça (santidade), realizados pelos crentes como resultado da obra do Espírito Santo em seus corações.
“A justiça pela qual somos justificados, não é algo feito por nós nem nada que tenhamos forjado em nós mesmos, mas algo feito por nós e a nós imputado. E a obra de Cristo, o que Ele fez e sofreu para satisfazer as demandas da lei (…) não é nada que tenhamos criado ou forjado em nós ou algo inerente em nós. Por isso dizemos que Cristo é nossa justiça; que somos justificados por Seu sangue, Sua morte, Sua obediência; somos justos nEle e somos justificados por Ele, ou em Seu nome. A justiça de Deus, revelada no Evangelho e pela qual somos constituídos justos é, portanto, a justiça perfeita de Cristo, a qual cumpre completamente todos os requisitos da lei a que os homens estão obrigados e que todos os homens têm quebrado.” (Charles Hodge)
A base da justificação é A OBRA DE CRISTO, e O MEIO da justificação é a FÉ EM CRISTO.
Fonte: David S. Steele e Curtis C. Thomas
muito bom a explicaçao sobre imputaçao
gostaria de uma explicaçao sobre o sistema de sacrificios ,liçao de nº 10 2 trimestre 2019
Bom dia, gostaria de entender com mais clareza, qdo a palavra do Senhor diz: Bem aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.
Graça e Paz.
A definição da palavra imputar nas questões espirituais, significa não ser responsabilizado ou não ser atribuída culpa alguma. Isto é, ainda que permaneçamos com a natureza pecaminosa, não somos mais vistos como pecadores aos olhos de Deus. Embora a culpa, de fato, seja nossa, por causa do sacrifício de Jesus fomos “inocentados”, resumindo, Jesus tirou de sobre nosso ombros a responsabilidade de receber “o pagamento” pelo pecado praticado.
Amém?
A paz irmão teria com o Sr me mandar neste e-mail uma explanação sobre incircuncisão e circuncisão?, Deus abençoe 🙏 🙏🙏
Sou a Marina Almeida, gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.
Boa noite
Gostaria de ter seus estudos.
Paz meu querido irmão.
Quanta gentileza sua nomear estes singelos comentários de estudos.
Tudo o que lhe for útil no blog, usufrua sem moderação.
Abraços.
Boa tarde, gostaria de saber em qual momento os nossos pecados foram transferidos para Jesus, o cordeiro que tira os pecados do mundo
Ja que no antigo testamento os pecados eram transferidos para os animais por imposição das mãos dos sacerdotes sobre a cabeça dos animais
Obrigado
Graça e Paz Alexandre.
Na verdade não eram os sacerdotes, no Antigo Testamento, que faziam esse ritual de transferência de culpa. Eram os próprios culpados. Os sacerdotes imolavam os animais e o sangue era levado pelo sumo sacerdote até o Santíssimo Lugar e, lá apresentava o sangue do sacrifício.
Jesus é como um dos cordeiros que os israelitas apresentavam aos sacerdotes para que eles (os israelitas) pudessem transferir suas culpas (pecados). Lembre-se que não podia ser qualquer animal. Tinha que ser um animal sem qualquer defeito ou mancha.
O sacrifício do Antigo Testamento prefigurava o sacrifício de Jesus. Contudo, o sacrifício de Jesus foi perfeito, único e definitivo. Ninguém transferiu nossos pecados para Ele. Foi Ele mesmo quem os tomou para Si. Ninguém o imolou na cruz, mas, foi Ele mesmo quem se imolou; e Ele mesmo (como Sumo Sacerdote) entrou até o Santíssimo Lugar (no Novo Testamento esse lugar fala do Trono de Deus) para apresentar ao Pai o sangue que foi derramado.
Respondendo à sua pergunta: Foi quando o penduraram na cruz.
Deus te abençoe.
Amém irmão em Cristo
Obrigado
Que você seja transbordado da vontade de Deus cada vez mais