Nada impede a Glória de Deus de ser manifestada.
Meus queridos, já tenho falado a tempos sobre a imaginação de certos pregadores. A capacidade que eles têm de dar interpretações bizarras a Palavra de Deus. Vou comentar sobre mais uma bizarrice evangélica, que insiste em ser disseminada no meio do povo de Deus. Sinceramente, eu queria conhecer o abençoado que inventou a estória de que “Uzias tem de morrer na sua vida”.
Eu sinto uma agonia tão grande, tão intensa, ao testemunhar tais violências que se fazem ao texto bíblico. Eu fico profundamente incomodado com tais interpretações, pois elas são usadas com sagacidade de modo a conduzir o povo a um torpor espiritual.
O discurso do “exegeta” começa assim:
Primeiro o pregador cita Isaías 6:1: “No ano em que morreu o rei Uzias eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono“.
Como introdução, ele faz um apanhado desde o primeiro capítulo, pondo em ordem cronológica os fatos discorridos por Isaías, afirmando que até aquele fatídico ano, Isaías ainda titubeava entres as coisas mundanas e o seu chamado.
A partir deste ponto a parvoíce toma conta do orador, pois daqui para frente o nível intelectual e racional do mentecapto demonstra o quanto ele conhece a Bíblia, pois ele, fazendo uso de todas as letras e palavras, afirma que Isaías vivia sob dependência e proteção de Uzias. Segundo o pregador, Isaías confiava mais nas amizades humanas do que na providencia de Deus, e ainda afirma que o profeta se deleitava com a vida cheia de privilégios de uma corte real e não estava nem aí para o declínio espiritual do povo. O rei Uzias então, era, segundo o “profeta” um verdadeiro impedimento na vida espiritual de Isaías.
Aí, para confirmar tudo o que disse, ele solta num timbre de voz empossada o versículo primeiro do capítulo seis: “No ano em que MORREU o rei Uzias, eu vi o SENHOR…” Então o “hábil exegeta” transporta a situação para a época presente e transforma o rei Uzias, na personificação de todas as coisas que impedem os crentes atuais de ver a glória de Deus: o dinheiro, a proteção do pastor, os privilégios, as ambições materiais, a obsessão pelos prazeres, etc. Então ouve-se o grito: UZIAS TEM DE MORRER NA SUA VIIIIIIIIIIIIDAAAAAAAAAAAA…
O primeiro versículo do primeiro capítulo já demonstra que os fatos não estão dispostos em ordem cronológica: “Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”. Nele Isaías situa-se historicamente, informando ao leitor o período abrangido por seu ministério. A expressão “no ano em que morreu o rei Uzias”, é apenas uma referência temporal que assinala o início efetivo do ministério de Isaías. Isso era muito importante naquela época, se considerarmos que não existia um calendário como o nosso, que tem como referencial o nascimento de Jesus Cristo.
Quando Isaías diz que viu a glória do Senhor no ano em que morreu o rei Uzias, não se pode concluir que ele só teve essa experiência espiritual após a morte desse monarca. O texto diz “no ano em que morreu” e não “depois da morte”. Conclui-se, portanto, que Uzias podia ainda estar vivo, naquele ano, quando Isaías viu a glória de Deus.
Nos últimos anos de sua vida, Uzias foi amaldiçoado com a lepra, ao tentar subverter à lei de Moisés e queimar ele mesmo o incenso no templo, o que era reservado para os sacerdotes. Morreu isolado em um palácio, à margem do poder pois era leproso. Durante os 25 anos desse isolamento, quem reinava de fato era o regente, seu filho Jotão. Duvido que Uzias teria tido alguma influência sobre Isaías, nesse período. O Rei leproso tinha perdido todo o seu prestígio.
Qual “Uzias” é capaz de impedir que Deus manifeste a sua glória a alguém? Deus é soberano em suas ações. Apareceu ao ímpio Saulo no caminho de Damasco e ao mercenário Balaão cuja intenção original era amaldiçoar o povo de Israel. Que situação impedirá Deus de se manifestar a mim? Com certeza nenhum de Seus propósitos podem ser frustrados.
Queridos, a minha crítica é construtiva. Existem determinadas coisas na Bíblia que não precisam de teologia ou profundo conhecimento de história humana para interpretar, basta ter bom senso.
Deus te abençoe.
Graça e Paz.
É amigo é muito triste, eles pregam das suas mentes e corações, não da boca do Senhor..