Os dias da criação.
Os dias da criação do mundo foram literalmente dias de vinte e quatro horas?
Muito se tem discutido sobre o significado da palavra “dia” nos primeiros versículos do livro de Gênesis. Para muitos, os dias da criação (Gn 1:1-13) são longos períodos, que inclusive, devem coincidir com as eras geológicas. Outros, no entanto, interpretam esses dias como períodos de vinte e quatro horas.
Os que advogam a palavra “dia” como significando um longo período, afirmam que até o 3º dia (Gn 1:1-13) não existiam o Sol e a Lua para regerem o tempo, definindo o dia e a noite, à semelhança de hoje. Os que declaram que os dias da criação compreendem um período de vinte e quatro horas apegam-se a Êxodo 20.11. Moisés se teria referido a dias de vinte e quatro horas aplicando-os à criação.
Em muitas referências bíblicas, a palavra dia ou “Yom” (hebr.), tem vários significados. Por exemplo, “dia” 1.181 vezes; “hoje” 87 vezes; “eternamente” 18 vezes; “continuamente” 10 vezes; “idade” 6 vezes; “vida” 4 vezes; “perpetuamente” 2 vezes. Além disso, às vezes parecem compreender o período da criação, isto é, os seis dias (Gn 2:4), o que dificulta, de fato, a compreensão exata do assunto.
O que é mais aceito pelos estudiosos desse assunto é que aí se refere a dia solar.
As seguintes referências sustentam o princípio de que os dias da criação, mencionados em Gênesis capítulo 1 e 2, são dias solares:
a) cento e cinquenta dias do Dilúvio: Gn 8:3;
b) quarenta dias (espias): Nm 13:25;
c) três dias (Jonas): Jn 1:17;
d) quarenta dias depois da ressurreição de Jesus: At 1:3;
e) seis dias (criação): Êx 20:9-11.
Em todas as referências do Velho Testamento aqui mencionadas, a palavra “dia”, no original está “yom” (hebr), que significa, neste caso, dia solar. Em Atos aparece a palavra “hemera” (gr), que tem o mesmo significado. Todavia, existem outros importantes sentidos, como seja, um período de tempo que pode ser de curta ou de longa duração (Is 2 e 4), ou um tempo mesmo (Gn 4:3; 26:8; Nm 20:15) ou um período inclusivo e compreensivo: Gn cap. 2; Dt cap. 10.
Destarte, a fim de esclarecer esta questão, apresentamos, nove razões que levam alguns estudiosos da Bíblia a pensar que estes “yons”, ou seja, dias, foram de 24 horas:
- Cada um destes dias de Gênesis está dividido em períodos de luz e escuridão, exatamente como um dia solar. Alguns, entretanto, discutem baseados na convicção de que nos três primeiros dias da criação não havia sol, e que, por isso, não poderiam ser dias solares. Porém, existem dias no inverno em que não aparece a luz solar, e, além disso, há países onde a luz do Sol não aparece por longos períodos, mas ainda assim dividem-se os dias em 24 horas.
- Notemos que no 3º dia o grande mundo botânico nasceu, sendo este também dividido como os outros; mas, se acreditarmos que este foi um período geológico, como alguns admitem, de 500.000 anos de luz e seguido por 250.000 anos de trevas; perguntamos: Seria possível o mundo botânico sobreviver metade duma era geológica sem os raios do Sol?
- O texto hebraico implica numa espontaneidade de acontecimentos, que rejeitam, de fato, a necessidade duma era para representar a palavra dia. Disse Deus: “Haja luz”, e a luz existiu. Será que o Deus onipotente e plenipotenciário iria precisar de tantos séculos para realizar essa obra? Pedro esclarece-nos isso quando diz que um dia. para o Senhor, é como mil anos e mil anos como um dia: 2 Pe 3:8. Deus, pela sua Palavra, poderia ter feito todas as coisas num só dia, pois, para Ele, tempo não é impedimento.
- Temos de convir em que Moisés, quase com certeza, se está referindo a dias solares de 24 horas, e não a dias geológicos, que os cientistas com seus determinados cálculos pretendem provar. Moisés certamente não estava procurando expressar-se em termos científicos, mas usou uma linguagem acessível à época.
- Nos manuscritos hebraicos, quando um número definido precede ou acompanha a palavra “yom”, sempre indica um dia solar. Por que não aqui?
- Está em evidência o relato da própria Bíblia, especialmente tratando do estabelecimento do sábado,
7º dia: Êx 20, portanto, se fôssemos dar crédito no que dizem alguns cientistas modernos, teríamos, também, de crer no mesmo período geológico para a criação de Adão e ainda em que Deus continua descansando até hoje. Impossível!
- Se aceitarmos a teoria de que cada um destes “dias” representa uma era geológica de 500.000 anos, como explicar, por exemplo, que Adão foi criado no sexto período e que Deus descansou no sétimo dia ou “era”? Adão estaria vivo depois ou foi expulso do jardim do Éden no oitavo dia? Que idade teria ele, então? A Bíblia declara-nos que Adão morreu com 930 anos. Porém, se seguirmos o raciocínio da geologia moderna ele teria 750.000 anos, quando foi expulso do jardim do Éden. Isto constitui um verdadeiro absurdo!
- Não há razão de se exigir um período tão extenso para cada dia. A menos que acreditemos na teoria dos evolucionistas, porque somente deste modo precisaríamos crer nesses dias longos.
- No versículo 3 de Gênesis não existe discrepância. Deus disse: “Haja luz” e a luz existiu. Ademais, o hebraico ajuda-nos a entender qual o significado dessa expressão. O termo vem de uma tradução do hebraico: “Wa ye hi or”, que dá a entender que foi um ato instantâneo. A palavra luz, no versículo 3 é “or” fheb), e seu correspondente é “phos” (gr). Já no versículo 14, temos a expressão “luminares”, “maior” fheb), que significa literalmente um candeeiro, castiçal ou candelabro, ou seja, aquele que segura a luz ou depósito de luz.
Ademais, para provar a origem da luz no primeiro dia da criação (pois o Sol somente foi criado no quarto dia), temos, por exemplo, a “Aurora Boreal”, do Polo Norte; os “mares” que possuem elementos e minerais que dão brilho fosforescente, onde existem plantas, peixes, fungos marinhos, que têm este brilho. Um outro exemplo não menos importante é o “vagalume” que, sem dúvida, quebra todos os argumentos da ciência moderna, quando diz não existir luz sem calor; porém, confessam os próprios cientistas, o inseto luminoso, joga por terra a exigência da ciência, pois há luz sem calor. E finalmente, a “luz cósmica”, que era desconhecida e desacreditada até os homens explorarem o espaço.
Do exposto, podemos dizer que essa incerteza por parte da ciência, em relação à criação do universo em nada afeta a veracidade da Palavra de Deus. Ele é o Criador de todas as coisas.
Fonte: A Bíblia responde (CPAD)